Nem sempre um maior número de atacantes indica um time mais ofensivo. Pode funcionar e render gols, na base do abafa principalmente, mas é pouco funcional. Não adianta encher a área adversária de jogadores se não consegue fazer a bola chegar até lá. Prova disto, foi o empate do Cruzeiro ontem contra o Tupi, por 0 a 0, quando o time da capital terminou o jogo com 4 atacantes e um meia em campo.
Com algumas mudanças no time (por suspensão, lesão ou escolha técnica), Cuca mandou o que tinha de melhor a campo em Juiz de Fora. Leandro Guerreiro foi terceiro zagueiro, raramente passando da intermediária, dando liberdade para Rômulo pela direita e Éverton pela esquerda. Montillo era outro com liberdade para se aproximar da nova dupla titular de ataque, com dois velocistas.
Também postado no 3-5-2, o Tupi dentro de suas limitações conseguiu equilibrar o jogo e fazer uma bela primeira etapa. O jogo foi franco e teve boas oportunidades. O Cruzeiro, sempre com Rômulo pela direita ou com Wallyson pela esquerda (quando este invertia o posicionamento com Thiago Ribeiro e confundia a marcação adversária). Já o Tupi, chegava quase sempre com Michel, nas costas de Éverton, provando que o problema da marcação ruim pelo lado esquerdo da defesa do Cruzeiro não está em Diego Renan, e sim no sistema. Se pela direita Marquinhos Paraná trabalhava como cão-de-guarda do ala, pelo lado oposto Gil era obrigado a deixar a área (completamente perdido) e deixar um buraco no meio da defesa.
Com os times achando espaços, os goleiros brilharam. Fábio apareceu com perfeição duas vezes (numa delas em chute cara a cara de Michel). Rodrigo fez pelo menos três grandes defesas (apesar de quase ter se atrapalhado e marcado contra em cruzamento de Wallyson). E a noite era mesmo do goleiro do Tupi, que ainda viu Montillo acertar o travessão em mais um penalti tosco marcado pela arbitragem mineira.
Na etapa final, incomodado com a falta de gols, Cuca resolveu encher o time de atacantes. No intervalo, trocou Montillo (machucado) por André Dias. Depois, tirou o ala Rômulo para a entrada do meia-atacante Dudu. Já no fim do jogo, substituiu Marquinhos Paraná por outro centro-avante (Farías).
Mexidas que não aumentaram o poder de fogo da equipe, pelo contrário. No primeiro tempo, com menos atacantes e mais organização, o Cruzeiro criou mais e foi mais perigoso. Na etapa final, cheio de atacantes, o time pouco incomodou Rodrigo, que só trabalhou após bate-rebate dentro da área ainda no início do segundo tempo.
Pelas característica do time e de seus jogadores, o Cruzeiro será ofensivo mesmo com três volantes (como foi na etapa inicial). O excesso de atacantes pode funcionar em ocasiões esporádicas, mas não pode ser regra e Cuca precisa entender isto para criar outras alternativas quando o gol não sair.
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