Nos últimos anos tem sido assim. Os adversários cruzam os dedos no dia do sorteio das chaves. Depois, fazem as contas, analisam a tabela e secam. Como secam. E não tem jeito. Dando espetáculo ou, o que é mais comum, bafejado pela sorte lá está o Boca Juniors nas oitavas, nas quartas, nas semis…Lá está o Boca, guloso, sempre querendo mais uma Copa.
O rival Independiente tem o recorde de títulos da Libertadores. Sete. Não vai durar muito. Entre 2000 e 2007 foram quatro taças e um vice-campeonato do Boca, que já soma seis conquistas. E já há quem aponte os “Xeneizes” como favoritos a mais um caneco sul-americano (falando nisso, eles ainda faturaram o bi da Copa Sul-Americana em 2004 e 2005).
Os clubes brasileiros são politraumatizados. Caíram diante dos argentinos, em diferentes momentos e competições, Palmeiras, Santos, Paysandu, Flamengo, Vasco, Corinthians, Internacional, Grêmio, Cruzeiro e por aí vai. Por que ? Porque o Boca é grande. Não no senso mais comum do que é chamar um clube de grande. Grandes são todos os que citei. O Boca é grande no pensar e no agir. Acredita nisso e faz por onde.
O time foi campeão argentino de 1981 com Maradona no elenco, mas não manteve o (pseudo) torcedor por muito tempo (esse “pseudo” explico no P.S. lá embaixo). Atravessou grave crise financeira e jejum de conquistas entre os anos 80 e início dos 90. Viu o River Plate armar um esquadrão que foi tricampeão nacional e levou a Libertadores de 96. O troco foi armado com paciência e planejamento.
Mauricio Macri é um milionário. Mas não um “millonario”. Torcedor do Boca e não do River. Com pretensões políticas que viriam a se concretizar no futuro – é prefeito de Buenos Aires atualmente – começou a investir no clube do coração. Na vida pública esteve envolvido em um escândalo de contrabando, mas nada foi provado. Tipicamente latino-americano.
Na vida clubística, transformou a marca Boca Juniors. Ajudou a construir a imagem de gigante das Américas. O estádio foi minimamente reformado. Um museu bacana foi instalado. Bons jogadores revelados na base. Contratações feitas com critério. Macri tirou do Vélez o responsável por levar o clube mediano ao título mundial. E, com Carlos Bianchi, começou a ser montado o Boca Grande.
O clube fechou contrato com uma grande fornecedora de material esportivo, explorou a popularidade com inteligência, fez da Bombonera, ao mesmo tempo, caldeirão e ponto turístico. As camisas azuis e amarelas se espalharam pelo continente, o nome também.
Hoje, enfrentar o Boca é motivo de calafrios. O estádio dá medo. A torcida é exemplo do que é a tal “paixão” dos argentinos. O Riquelme é o maior craque da América do Sul. O time é favorito em qualquer campeonato que dispute. Parte disso é verdade.
O Boca não é imbatível. O estádio é um alçapão, mas não o único. Muitas outras torcidas são tão apaixonadas quanto. O Riquelme nunca desequilibrou em uma Copa do Mundo (embora seja um craque, é inegável). O time perdeu títulos locais para Estudiantes, Newell´s Old Boys e Lanús recentemente.
O que fica disso ? O Boca é extremamente competente em vender sua imagem. Tem um dirigente que usa o clube para seus vôos políticos mas o clube decola com ele. Todos acreditam que o Boca é Enorme. E, principalmente, o Boca acredita nisso. Quando um rival se apequena, fica mais fácil engoli-lo. E a boca engole.
P.S.: O Independiente é o time de infância de Diego Armando Maradona. Lá pelas bandas portenhas há testemunhas. Mas ele vai negar. Ele também acredita que nasceu “bostero”.
Um comentário:
Pois é. Concordo com tudo isso. Já ouvi dizer que no campeonato argentino, ninguém teme o todo-poderoso Boca na Bombonera.
Mas na Libertadores todo mundo treme, inclusive as torcidas adversárias.
Depois do Nacional, não tenho medo de nada que virá pela frente do São Paulo. E estou com sangue no olho para que o Tricolor pegue o Boca na final.
Não tenho medo de nenhum time, mas isso não quer dizer que eu ache o São Paulo imbatível. Pode ser que ele seja eliminado pelo Fluminense ou caia na semi-final, mas o fato é que eu voltei a acreditar no meu time.
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