Campeão, e daí?!

O "modelo Barcelona" é cada vez mais exaltado. Time forte, qualificado, jogo interessante. Muitos jogadores das categorias de base. Tudo é muito bonito e chama a atenção. Mas nem de longe, os clubes brasileiros estão perto de começar a pensar como o Barcelona. Uma pena.

Basta uma rápida olhada nos 20 times bases da Série A. Só os "extra-série" são titulares de sua equipe. Raros são os casos de jogadores trabalhados para entrar no momento certo em seus times. No Brasil, a cultura da compra ainda é, de longe, a preferida. As categorias de base não revelam, os times gastam muito e até a seleção sofre. Efeito dominó. Em Minas, os títulos (por mais incrível que possa parecer) escancaram ainda mais a situação.

Ontem o América foi campeão brasileiro sub-20. Venceu o Fluminense nos instantes finais por 2 a 1 e ficou com o título que provavelmente não poderá defender em 2012, já que o profissional foi rebaixado à Série B. Curioso, não?!

Vi pouco do América na competição. Alguns instantes de alguns jogos e quase toda a final. Não dá para avaliar ninguém com clareza. Mas causa estranhamento perceber que nenhum jogador salta aos olhos no time que acaba de vencer um campeonato. A explicação é simples: assim como diversos outros times, o América montou uma equipe para ganhar, não para revelar. A inversão total de valores é o que faz com que os times revelem cada vez menos.

O melhor jogador do time de base americano (e também melhor do Campeonato) foi o goleiro Matheus. Deve ser alçado ao elenco profissional, mas difilmente ganhará oportunidade já que o clube renovou o contrato do experiente Neneca. De resto, um time forte, brigador, bom na bola parada, mas com pouco potencial técnico.

Fato parecido se passa com o Atlético, que venceu a Taça BH de Futebol Júnior deste ano. O destaque do time, foi Bernard, que já atuava há algum tempo no time profissional. Depois do título, nenhum outro jogador foi aproveitado no elenco por Cuca. Um desperdício.

O Cruzeiro é outro que passa por processo parecido. Um dos maiores vencedores das categorias de base no país nos últimos anos, atrás apenas do Internacional, pouco consegue colocar jogadores no seu time principal. A safra de goleiros é incrível, mas Rafael, Douglas e Gabriel dificilmente terão espaço no time que tem Fábio como ídolo quase intocável. No Campeonato Brasileiro Sub-20, o Cruzeiro preferiu "descer" os já profissionais Éber, Élber e Sebá ao invés de tentar revelar e dar maturidade a novos garotos. A escolha clara foi pela tentativa de título, que acabou não vindo ao perder para o América.

A questão é simples. O Barcelona aposta em elenco enxuto e que abre espaço para os garotos. Que não são alçados de qualquer maneira ao time principal e muito menos ao time titular. Thiago Alcântara, que é a grande revelação desta temporada, "já" tem 21 anos. Vem sendo preparado e ganhando minutos de jogo há duas temporadas. Xavi, só virou titular do time aos 24.

No Brasil, os garotos raramente tem espaço nos inchados elencos profissionais. Normalmente, só entram em campo quando o time está em crise ou não há nenhuma outra alternativa. Entram em campo novos, sob pressão e são queimados. Não há trabalho de revelação e sim de cremação de jovens com potencial.

E é esta a questão do título do post, que precisa passar por reflexão. O América foi campeão brasileiro sub-20, mas está rebaixado para a Série B. Será que vale a pena?

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O 4-2-3-1 do Fluminense. Pouca mobilidade do setor ofensivo é compensada com "tesão".

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