É incrível a capacidade de Adilson Batista de encontrar soluções no elenco cruzeirense. E por estas e outras, há um favorito no confronto brasileiro da Libertadores.

Ontem, no Mineirão, um jogo digno de decisão. Aliás, cada vez mais, estou convicto que deste duelo sairá o campeão da América. Cruzeiro e Grêmio fizeram um jogo tático, pegado, disputado em todos os lances, com poucos espaços e com boas chances de gol. No final, 3 a 1 para os donos da casa, que podem perder por um gol de diferença no confronto de volta, no Olímpico.

O Cruzeiro torna-se favorito não pelo que jogou ontem. O time foi superior, no volume de jogo, mas na verdade, foram os gaúchos que tiveram as melhores oportunidades. Mas é importantíssimo lembrar, que dos 25 inscritos na Libertadores, o Cruzeiro não contava com 8. Nem o banco de reservas, Adilson conseguiu completar. Entre os oito, estavam jogadores do porte de Fernandinho, Sorín, Athirson, Ramires e Thiago Ribeiro. O Cruzeiro tem quatro jogadores para a lateral esquerda (um deles, Gérson Magrão, já atua improvisado no setor). Nenhum estava disponível.

A grande sorte do Cruzeiro foi o fato de Ruy não ter entrado em campo. Por ali, o lateral podia incomodar. Adilson soltou Marquinhos Paraná na primeira etapa, a abriu espaços na defesa gaúcha. Com Kléber bem marcado, mas inteligentemente tirando os zagueiros da área, sobrava espaço para as investidas do polivalente jogador.

No primeiro tempo, porém, as grandes chances foram do Grêmio. Com Thiago Heleno visivelmente fora de ritmo, os gaúchos souberam aproveitar. E por ali, Máxi Lopez comandou as atividades ofensivas. Na primeira, deu para Alex Mineiro com o gol vazio e o atacante desperdiçou. Na segunda, saiu na cara de Fábio, mas bateu na trave. Mais uma vez, os gols perdidos atormentavam o Grêmio na Libertadores. Principalmente, porque outras chances não apareceriam dali em diante.

O Cruzeiro abriu o placar no fim da primeira etapa. Ótima jogada de Kléber, saindo da marcação de Thiego e cruzando na cabeça de Wellington Paulista. No segundo tempo, a partida mal começava e Wágner, de fora da área, contando com desvio, ampliou. O Cruzeiro dominava. Tinha um volume incrivelmente superior. Colocava os gaúchos na roda. E fez o terceiro, com Fabinho de cabeça.

Pouco depois, o árbitro da partida sentiu uma lesão. Entrou o quarto árbitro, completamente perdido. Aceitou a pressão dos jogadores e tentou controlar o jogo apitando faltas a todo instante. A partida mudou, o ritmo se alterou. O Grêmio percebeu a situação favorável e partiu para cima, graças a entrada de Herrera, muito bem, na vaga do inoperante Alex Mineiro. E conseguiu marcar um golzinho, com Souza, em cobrança de falta perfeita no fim do jogo.

3 a 1. Ótima e merecida vantagem para o Cruzeiro. Mas o gol de Souza, no fim, muda completamente a história do jogo. O Grêmio não está morto. E pode surpreender no Olímpico, com uma boa vitória. Mas, hoje, é inevitável perceber, que com o time inteiro, o Cruzeiro está um degrau acima do concorrente.

* Não vou me estender na briga Elicarlos/Máxi Lopez. A acusação é grave e as imagens mostram claramente a revolta de Wágner, do Cruzeiro, apontando para a pele e falando com o argentino que isto não se faz. E não deve ter perdão. Lamento muito que este tipo de coisa ainda aconteça no futebol. Discussão, bate-boca, palavrões, fazem parte do dia-a-dia do futebol. Mas não há espaço para discriminação, de nenhuma forma. E lamento mais ainda, as palavras de Paulo Autuori ao sair da delegacia: "temos coisas mais importantes com o que se preocupar. Sabemos que isto não vai dar em nada". Uma pena! Que a situação seja apurada até o fim, e que o culpado pague pelo CRIME que cometeu.