Invicta e imponente

Era um desafio quase perdido para qualquer treinador tirar a Holanda de seu tradicionalíssimo 4-3-3. Encantador, mas pouco efetivo quando o assunto era vencer. O povo holandês não aceitava qualquer mudança que deixasse a equipe menos brilhante e teatral.

Foi este desafio que o bom Bert Van Marwijk conseguiu enfrentar e vencer. Apoiou-se no esquema da moda o 4-2-3-1 para fazer da Holanda um time competente, coeso e vencedor. O show, fica em segundo plano. E vem, mais na individualidade de seus ótimos jogadores de frente. De efetivo, porém, um time sério onde todos marcam, se aproximam e jogam.

Foi assim que a Holanda chegou às semifinais da Copa. Com 24 jogos de invencibilidade. Venceu todos os jogos nas Eliminatórias. Tem 100% também no Mundial. Encantando em alguns momentos, não todos. Mas sabendo se fechar, fazer faltas e dar chutão quando o jogo pede.

Ontem foi assim contra o desfalcado, porém valente, Uruguai. O time holandês tinha muita dificuldade para ultrapassar a linha de quatro homens do meio-campo adversário, que marcava adiantado e dificultava as ações. Aliás, curiosa e corajosa a atitude de Tabárez, montando a equipe no 4-4-2 e não no 4-1-4-1 imaginado pela maioria.

O gol que abriria o adversário saiu da maneira mais difícil de imaginar possível. Gio Van Bronckhorst, o experiente e mediano lateral holandês acertou um chute de longa distância na gaveta de Muslera. Golaço!

Era previsível imaginar que os uruguaios se perderiam com o gol. Diferente do Brasil, porém, os sul-americanos se lançaram ao ataque com coragem e raça. Faltou ao time, porém, qualidade no meio para criar boas chances. O time tinha a bola, jogava no campo ofensivo, mas pouco ameaçava. Sem Luisito Suárez, um dos melhores atacantes da Copa, Forlán ficou muito à frente e faltou qualidade ao meio. Mas não faltou qualidade para o craque do time, que mais uma vez bateu no peito e resolveu sozinho. Forlán limpou a jogada e bateu de fora da área contando com a ajuda do goleiro holandês empatou o jogo.

Aí entrou novamente a Holanda paciente e mortal. O time não se assustou. Voltou a dominar o jogo e aos poucos pressionar o adversário. A entrada de Van der Vaart melhorou a saída de bola e aproximou os jogadores de ataque. Até que em duas jogadas, os dois craques do time decidiram. Primeiro Sneijder, candidatíssimo ao prêmio de melhor da Copa. Depois com Robben, de cabeça.

O 3 a 1 seria definitivo contra qualquer time, exceto contra os uruguaios. Que com Loco Abreu, insistiram até o último minuto e foram ainda premiados com o segundo gol. Resultado justo. E nenhum motivo para sair de cabeça baixa.

Chegar às semifinais além de inesperado foi ótimo para o Uruguai. Voltou a ter auto-estima. Ganhou novamente o respeito do adversário. E teve sua camisa celeste recuperando sua história.

Quanto à Holanda, eu lamento pelos que pedem show 90 minutos. A Holanda tem tudo que o futebol moderno exige. Seriedade, força tática e jogadores extraordinários. Volta à uma final de Copa com o pior time, mas com o que tem mais condições de vencer. Curioso, não? De toda forma, não será favorita independente do adversário. Só não espero que eles saibam disso e pensem que será tarefa fácil.

2 comentários:

Rafael Andrade disse...

No histórico recente das Copas, qual foi o finalista que deu show até chegar na decisão? NENHUM. A Holanda está na final com todos os méritos, afinal, são 25 jogos de invencibilidade. Quem quiser futebol circense, que vá ver torneios de free style. Copa do Mundo não é exibição e sim competição, e como toda, exige eficiência e frieza, algo que sobra a Laranja.

Net Esportes disse...

O que tem feito a Holanda não é brincadeira, 25 jogos sem perder e 100% na Copa ... além dasquelas duas finais perdidas em 74 e 78 .... mas a Espanha merece muito mais ... a Espanha é incrível demais ....

Quadro Negro

Quadro Negro
O 4-2-3-1 do Fluminense. Pouca mobilidade do setor ofensivo é compensada com "tesão".

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