Se alguém fora das fronteiras brasileiras teimava em não conhecer o talento de Neymar, certamente passou a noite/madrugada de ontem admirado com o talento do que há de melhor no futebol do país no momento. O jovem atacante brincou em campo, como sempre fez, e com atuação brilhante definiu a importante vitória do Brasil na estreia do Sul-Americano Sub-20: 4 a 2, com 4 gols de Neymar.

A participação de Neymar foi tão decisiva e interessante que ofuscou até mesmo a também ótima estreia do trio do São Paulo: o muito seguro Bruno Uvini na zaga, o forte e qualificado Casemiro no meio e o veloz e inteligente Lucas no meio-campo.
Mas nem tudo foram flores na estreia da equipe de Ney Franco. Nos 20 minutos iniciais, o Brasil sentiu dificuldades com a marcação adiantada do Paraguai, atenuando o nervosismo habitual do início de uma competição deste porte. Para conseguir algo mais do que as bolas longas dos zagueiros e laterais que raramente encontravam um disperso Henrique no ataque, o time precisava encurtar os espaços e movimentar-se para fugir da marcação e abrir espaço para quem vinha de trás.
Tudo começou a fluir quando Lucas e Oscar variavam entre o centro e o lado direito. Numa destas inversões, o meia do São Paulo confundiu a defesa e abriu o corredor para Casemiro, que carregou muito bem a bola até sofrer penalti. Batido por Neymar com a seriedade e a responsabilidade de quem mostra amadurecimento e está preparado para comandar o time.
Com o gol, o Brasil cresceu e se soltou no jogo. Passou a jogar mais pelo lado esquerdo, com Neymar (quase sempre com a aproximação de Lucas) e confundir a marcação de Cáceres e Pérez no setor. O segundo gol veio, novamente com Neymar, após jogada rápida pelo setor e dribles desconcertantes dentro da área.
Na etapa final, a tendência era de um jogo mais tranquilo. E seria, não fosse a tola expulsão do promissor Zé Eduardo, que cometeu duas faltas desnecessárias em menos de cinco minutos. O gol paraguaio, logo na sequência, dava contornos ainda mais dramáticos ao jogo.
Ney Franco reconstruiu o meio com a entrada de Fernando e fortaleceu o lado direito da defesa (por onde o Paraguai mais chegava) com a entrada de Galhardo - muito bem - no lugar de um Danilo desconcentrado.
Novamente organizado, coube ao time brasileiro observar Neymar resolver a parada. Primeiro em um gol de força, raça, vontade. Entrou com bola e tudo. Depois com um toque leve, sutil, que deixou o goleiro Ovando absolutamente sem reação. As várias facetas de um craque.
No fim, outra expulsão (do destemperado Henrique) e um gol do Paraguai que não tiram o brilho da estreia positiva e da partida de Neymar. Ele está muito acima dos outros da categoria.
É preciso atenção com a parte emocional do time. As expulsões desnecessárias (em que pese a atuação complicada da arbitragem) podem prejudicar o Brasil num momento decisivo. Mas o "simples" fato de ter o marrento, mas cada vez mais maduro Neymar no time, faz do time de Ney Franco o grande favorito no Sul-Americano. E mais do que isto: faz valer cada segundo de uma noite de sono perdida.
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