Crônica de um jogão perdido

Este texto poderia (e deveria) ser apenas mais um apenas sobre futebol. Não é, graças à vida dura de quem só pode acompanhar os jogos da Champions durante o expediente. Caso deste, que vos escreve e que ontem sofreu graças ao terceiro e penúltimo superclássico da série entre Real Madri e Barcelona.

Para quem trabalha em horário comercial com algo não ligado a futebol, a tensão começa no início do dia. O desejo de acelerar o serviço para que nada seja capaz de atrapalhar na hora do jogo.

Quando a bola começou a rolar na Espanha, estava terminando as últimas coisas urgentes. O resto, poderia esperar, afinal era Champions League, era Real x Barça. Assim o fiz.

E pude ver o Real Madrid mais uma vez muito fechado. Mourinho voltou a apostar na marcação forte, principalmente na intermediária, onde flui o jogo catalão. Cristiano Ronaldo mais uma vez parecia ser o único a querer atacar, embora também ajudasse na marcação. Era um time abnegado para defender e pouco ousado para atacar. Em determinado momento, chegou a ter menos de 16% da posse de bola.

O Barcelona tentava superar os importantes desfalques (principalmente o de Iniesta) jogando como sempre. Apesar de mais cuidadoso do que em outras partidas e com suas linhas não tão avançadas como de costume, fazia o jogo de posse de bola e paciência de sempre. Messi, seguido de perto por Pepe e sempre com um zagueiro na sobra não encontrava espaços. E o jogo, apesar de controlado, estava travado.

Equilíbrio enorme de dois times que se conhecem melhor a cada minuto. O jogo foi de poucas chances de gol e truncado em excesso. As jogadas truculentas foram mais presentes do que as belas. As discussões apareceram mais do que os dribles.

Veio o intervalo e fui correndo lanchar e tentar resolver mais algumas coisas do trabalho. Acabei perdendo a confusão que acabou com a expulsão do goleiro reserva do Barcelona, Pinto. Lamentável e coisa que não acontece só no Brasil.

O segundo tempo chegou e o panorama era o mesmo. Equipes pressionando a arbitragem, discussões, entradas duras, pouco futebol. Tudo mudaria quando Pepe usou força desproporcional (para o jogo e tradicional para ele) e derrubou Daniel Alves. O lateral valorizou, o time inteiro do Barcelona pressionou e o luso-brasileiro acabou expulso para revolta de Mourinho. Apesar de achar o lance forte e a expulsão justa, não acho que o árbitro tomaria a decisão não fosse os apelos dos jogadores do Barça.

Neste momento, pensei: "que sorte a minha poder assistir o jogo! Agora sim, teremos futebol". Afinal, com um jogador a mais os espaços que o Barcelona precisavam iriam aparecer. Eis que o telefone toca. Uma voz desconhecida informa que o motoqueiro da empresa acabara de sofrer um acidente. A vida, neste caso, foi mais importante que o jogo e tive que ir.

Não pude ver o show particular de Messi, autor dos dois gols que decidiram o jogo e praticamente definiram a vaga. O Barcelona soube se aproveitar do fato de ter um homem a mais e resolveu o jogo graças ao melhor jogador do planeta.

Muitos falam que o jogo foi ruim e decepcionante. Antes de serem os dois melhores times do planeta, Barcelona e Real Madrid são rivais em campo e fora dele e o jogo valia vaga na decisão do campeonato mais importante do continente. Não dá para esperar sempre o jogo leve e lúdico. As vezes, é preciso brigar.

Ainda falta um jogo. Não dá para duvidar do Real, de Mourinho, de Cristiano Ronaldo. Mas o dilema é enorme: o jogo defensivo que funcionou nas últimas 2 partidas e meia (até Pepe ser expulso) não será suficiente para reverter o placar. O jogo ofensivo, pode gerar outra goleada como no duelo do turno do Campeonato Espanhol. Mourinho sabe disto. Sabe que a melhor forma de atacar o Barça é se defender. Por isto, a classificação está tão perto da Catalunha.

Definição mesmo, porém, só semana que vem. Espero eu, que desta vez sem acidentes.

PS: O motoqueiro recebeu alta do hospital hoje pela manhã e passa bem.

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O 4-2-3-1 do Fluminense. Pouca mobilidade do setor ofensivo é compensada com "tesão".

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