Elefantazzo

61 anos depois. A mesma data. Em proporções muito menores (pela importância do jogo), a seleção do Uruguai conseguiu fazer história. Desta vez na Argentina. Eliminando os donos da casa de uma Copa América estranhamente incompreensível. Com atuação que teve raça, técnica e principalmente, impecável disposição tática.

Antes de mais nada, é preciso dizer que o Uruguai não é um time qualquer. Tem tradição e recupera seu prestígio de maneira vertical. Foi quarto colocado no último Mundial, voltou a levar um representante à final da Libertadores e teve campanhas destacadas também com as seleções de base. A Copa América é mais uma grande oportunidade para consagrar o trabalho seguro e competente de Oscar Tabarez no comando do time, favoritíssimo ao título após os resultados de domingo.

Em campo, Argentina e Uruguai fizeram um jogo tenso e repleto de emoção. Logo nos minutos iniciais, na óbvia bola aérea, Pérez abriu o placar. Gol que dava ao Uruguai a possibilidade de jogar como queria: fechado e saindo em velocidade pelos lados. O que os uruguaios não contavam é que Messi aproveitaria o enorme espaço que tinha para circular, assumiria o papel de protagonista e daria passe genial para Higuaín empatar ainda no início.

Messi deu mais um passe para gol argentino e assim como nas outras partidas, poderia ter ampliado seu número de assistências. Cansou de colocar Higuaín em condições de marcar. Circulou bem variando entre o lado direito e o centro do ataque e comandou a Argentina em sua melhor partida na competição. Pelo menos enquanto teve pernas.

A expulsão de Pérez, ainda no primeiro tempo, tardou mas veio. Depois de dezenas de faltas, o volante recebeu justamente o segundo amarelo. Tabárez foi corajoso e não tirou seus dois homens de frente do jogo. Sabia que eles podiam ser decisivos. Fechou Pereira e Gonzales para ajudar no meio-campo e manteve o time.

Com todo o segundo tempo com um jogador a mais, esperava-se que a Argentina ousasse mais. E embora tenha sido melhor, faltou volúpia e vontade de decidir. Messi seguia participando muito, mas faltava aproximação. Quando o 10 recebia a bola, não tinha com quem dialogar. Ao contrário da dupla uruguaia. Forlán e Suarez se entendiam bem e faziam que o Uruguai conseguisse levar perigo mesmo com um homem a menos.

Enquanto Muslera se consagrava com partida histórica (e rara, em sua carreira), o Uruguai seguia jogando. Poderia forçar mais o jogo na bola aérea, mas não abdicava do jogo e nem do ataque. E se viu aliviado após a (ao meu ver injusta) expulsão de Mascherano.

O jogo foi para uma prorrogação tensa, que teve bola na trave e grande tabela da dupla uruguaia que quase definiu o jogo na cabeçada de Forlán. No fim, foi para os penaltis. Pressionada e diante de um goleiro em noite inspirada, a Argentina acabou derrotada na cobrança de Tévez.

Sérgio Batista tem sua parcela de culpa. Apesar de ter feito uma partida correta, a Argentina não soube aproveitar o que tem de melhor: a qualidade ofensiva. Além de procurar um técnico capaz de dar padrão e organização ao time, permitindo que Messi jogue tudo que saiba, é preciso encontrar soluções para um sistema defensivo envelhecido e muito fraco. Dar espaço ao jovem Hugo Nervo na lateral direita, dar mais oportunidades para Emiliano Papa que fez ótima Libertadores pelo Vélez é necessário. É preciso ousar e renovar. Ou deixará um craque histórico como Messi longe de fazer história na seleção.

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O 4-2-3-1 do Fluminense. Pouca mobilidade do setor ofensivo é compensada com "tesão".

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