Bem mais que 7 erros

Existe uma diferença enorme entre um jogo agradável e um bom jogo. Cruzeiro e São Paulo fizeram na noite desta quarta-feira um jogo agradável em Sete Lagoas. Gostoso para quem estava assistindo. Teve gols, alguns lances bonitos, lances polêmicos, chances perdidas. Erros. Muitos erros. No fim, o 3 a 3 acabou sendo um resultado justo e ruim para os dois times na tabela.

As escalações deixavam a impressão que os times teriam espaço para jogar. Em campo, a expectativa se confirmou. O Cruzeiro começou marcando no campo ofensivo em um 4-2-2-2 que dava muita liberdade para os laterais e também para Charles. Apesar do esforço de Farías quando o time não tinha a bola, descendo para marcar Juan (e formando um 4-2-3-1), as dificuldades defensivas do Cruzeiro eram enormes.

O São Paulo demorou para perceber o caminho. Quando o fez, já perdia por 1 a 0 (gol de Keirrison após boa troca de passes pela esquerda e passe de Montillo). Viu que precisava sair pelos lados, fugindo do bloqueio dos meias do Cruzeiro em sua intermediária. Achou Cícero, que buscava o jogo pelo lado direito e explorava com inteligência o imenso espaço na intermediária cruzeirense. Primeiro ele deu passe para Jean acertar a trave. Depois, arrancou sozinho em grande jogada individual e após driblar Fábio preferiu se jogar do que marcar o gol. O juiz não teve segurança para marcar o inexistente penalti, tanto é que não expulsou o goleiro celeste. Para sorte do juiz e do Cruzeiro, Fábio fez justiça com as próprias mãos e defendeu a cobrança de Luis Fabiano.

Veio o segundo tempo e a intensa movimentação que o Cruzeiro promovia quando tinha a bola cessou. O time cansou e deu campo para o São Paulo jogar. Os mineiros não incomodavam na marcação, não roubavam a bola e o sufoco crescia. Quando perdeu Keirrison, machucado, Mancini poderia reoxigenar o meio-campo mas preferiu colocar o inofensivo Wellington Paulista. O resultado, não poderia ser outro: a virada veio com Cícero e Dagoberto (golaço).

Obrigado a somar pontos, Mancini não pôde mais reforçar a marcação. Seguia dando enormes espaços, mas reoxigenou o setor ofensivo com Élber na vaga de Roger. E contou, principalmente, com erros grotescos do sistema defensivo do São Paulo, disposto a atrapalhar os planos de Adilson Batista. Primeiro, Rivaldo fez falta boba na lateral, Rogério Ceni saiu mal, Luis Fabiano escorregou e Charles ficou sozinho pra fazer o gol.

Com novo empate, o Cruzeiro tinha a chance novamente de trocar o exausto Farías (que perdeu gol feito, mas teve papel importante taticamente) pela força no meio. Mancini demorou para agir, Farías perdeu bizonhamente a bola e Dagoberto deu lançamento preciso para Juan marcar de cabeça em falha de Fábio. A chance perdida refletiu na entrada de Anselmo Ramón na vaga de Farías. E em mais um golpe mais de sorte que de competência, a defesa do tricolor cochilou e deixou o atacante recém colocado em campo livre no segundo pau para reempatar.

O resultado foi um achado para o Cruzeiro. Que não fez grande partida, errou nas escolhas, errou na defesa. Somar um ponto contra um time do G-4, não pode ser considerado ruim para quem briga contra o rebaixamento. Com 10 dias até o próximo jogo, Mancini poderá trabalhar o time, recuperar jogadores lesionados e tentar a arrancada necessária para evitar o rebaixamento.

O mesmo serve para Adilson. Que pode brigar pelo título mas precisa acertar o sistema defensivo, que erra além da conta. Será preciso também trabalhar a situação de Casemiro que foi para o banco, entrou nos minutos finais, mas parece não ter entendido o óbvio recado. Apesar do penalti perdido, Luis Fabiano é baita reforço, e com ele sigo achando que o São Paulo é forte candidato ao título. Vencer o Cruzeiro hoje era obrigação para quem quer brigar e a margem de erro vai ficando cada vez menor.

Sorte para quem pôde assistir ao jogo hoje que tantos erros acabaram transformando o desastroso duelo em uma boa partida de futebol.

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O 4-2-3-1 do Fluminense. Pouca mobilidade do setor ofensivo é compensada com "tesão".

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