Erros escancarados

A entrevista coletiva do técnico Vágner Mancini após o empate foi um prato cheio para quem soube observar o jogo. Embora não tenha dito (e provavelmente não tenha percebido) em suas respostas o treinador do Cruzeiro escancarou os seus próprios erros, responsáveis diretos pelo resultado ruim que deixa o time celeste ainda em situação delicadíssima no Campeonato Brasileiro.

"Então, nós achávamos que a entrada de mais um jogador de meio-campo desse um pouco mais de posse de bola, já que o que eu temia aconteceu no jogo: vários atletas retornando e, fisicamente, o time sentiu muito na segunda metade do segundo tempo."

Vágner Mancini sabia que tinha um Cruzeiro em situação delicada fisicamente: Cribari sem ritmo de jogo, Charles e Fabrício retornando recentemente de lesão, Montillo muito distante do ideal. Escalou o Cruzeiro no 4-3-3, sobrecarregando os volantes e o sistema defensivo sob sol escaldante de Sete Lagoas. E na etapa final, viu o time definhar fisicamente e quando precisava atacar teve que recompor o meio para ter mais posse de bola.

"Tive que tirar um volante, que não estava suportando fisicamente, sendo que eu não quis tirar o Fabrício, que também pediu."

O motivo já foi exposto acima. Com três atacantes e Montillo sem condições de voltar para ajudar a marcação, Fabrício e Charles ficaram sobrecarregados. Com o Atlético-PR em um 4-3-3 mais organizado, o Cruzeiro sofreu. Não teve posse de bola, não teve velocidade para atacar e raramente foi melhor no jogo.

"Na hora em que você tem que ganhar a partida e tem que mexer na parte defensiva do time, é lógico, ninguém entende, só a gente que está ali e sabe o que acontece e os motivos para que tenha sido feito."

O fator surpresa do Cruzeiro, poderia ser a entrada de um terceiro atacante no segundo tempo com o adversário desgastado. Poderia ser, se Mancini não tivesse optado desde o início por um esquema que não lhe daria alternativas durante o jogo. Um treinador, não pode pensar só nos primeiros 15 minutos e tem que montar a equipe pensando também nos 15 finais.

O Cruzeiro jogou mal contra o Atlético-PR. De novo. Hoje, é o pior time do Campeonato Brasileiro e isto passa diretamente pelos erros de avaliação de seu treinador (que reclama que o Cruzeiro rouba poucas bolas e expõe a defesa colocando três atacantes pesados, que insiste com um descompromissado Roger abandonando o promissor Élber, que acha que Wellington Paulista vai resolver). Se houvesse um vencedor, provavelmente seriam os paranaenses que criaram melhores chances e tiveram um gol mal anulado. Os donos da casa foram superiores apenas nos 20 primeiros minutos do segundo tempo, até Mancini tirar a combatividade do meio-campo ao trocar Charles por Éverton e perder a posse de bola. O restante do jogo foi de sofrimento e alguns lapsos ofensivos.

Embora esteja fora da zona de rebaixamento faltando dois jogos para o fim, é impossível não colocar o Cruzeiro como forte candidato. Contra o Ceará, terá jogo decisivo e problemático. Com três volantes, posse de bola e inteligência, pode conquistar bom resultado. Mas Mancini parece gostar de fortes emoções. E obriga o torcedor cruzeirense a passar pelo mesmo.

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O 4-2-3-1 do Fluminense. Pouca mobilidade do setor ofensivo é compensada com "tesão".

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