Bastava sentir o clima na Arena do Jacaré pouco antes de o jogo começar para saber que para o cruzeirense havia um desejo enorme de vingança sobre o Estudiantes. A sofrida derrota da final da Libertadores de 2009 só se tornaria página virada com uma boa vitória sobre os argentinos. Na estreia dos times em 2011, a desejada vitória veio. Com placar acima de qualquer expectativa e atuação irretocável.
Cuca surpreendeu na escalação. Sacou Diego Renan, Leandro Guerreiro e Thiago Ribeiro do time, colocando Roger, Marquinhos Paraná e Wallyson. Ousada e arriscada, a escalação tinha cara de desespero. O Cruzeiro certamente teria qualidade com a bola nos pés, mas poderia sofrer defensivamente.
Poderia, não fosse o gol de Wallyson antes do primeiro minuto da partida. O atacante mostrou estrela e contou com a sorte, em chute prensado que encobriu o goleiro Orión. 1 a 0 e um jogo totalmente diferente.
O Estudiantes rapidamente avançou suas linhas. Ré, o zagueiro pela esquerda, virou lateral e liberou Nelson Benítez para jogar no campo ofensivo. O meia Enzo Pérez tornou-se praticamente atacante. Os argentinos foram para cima e tiveram o controle da partida durante alguns momentos.
Aos poucos, a salada tática do Cruzeiro encontrou seus espaços e se organizou melhor. No 4-2-3-1, Wallyson fazia papel fundamental: com a bola, abria em velocidade e complicava a vida de Ré; sem ela, era quase lateral direito, liberando Pablo para ser o homem da sobra. Mais organizado, o Cruzeiro deu liberdade para Montillo que decidiu o jogo ainda no primeiro tempo. Primeiro com roubada de bola e passe para Roger, no mano a mano com Verón (sacrificado pelo esquema e tendo que recuar demais para auxiliar Braña na marcação), marcar o segundo. Depois, em jogada muito bem trabalhada pela esquerda, driblando o goleiro e marcando o terceiro.
O 3 a 0 no intervalo era melhor do que qualquer sonho para o torcedor do Cruzeiro. Muito ofensivo, o Estudiantes tentava atacar mas sentia a falta do bom passe de Verón (como dito acima, muito sacrificado). Faltava aos argentinos a compactação e o jogo de posse de bola da época de Sabella.
Na etapa final, o Cruzeiro se fechou de vez. Pablo virou zagueiro pela direita e Wallyson se fixou como lateral num 3-6-1 que fechava bem o meio. Esquema perfeito para definir o jogo nos contra-ataques. Assim saíram os dois gols que fecharam a goleada, primeiro com Montillo de fora da área e depois com Wallyson. 5 a 0. Um massacre histórico e para lavar a alma.
Estrear vencendo é ótimo e importante. Para quem vinha de derrota no clássico estadual, enfrentando um adversário que estava entalado, nem se fala. O Cruzeiro funcionou e teve atuação irretocável por dois motivos: se entregou e batalhou por cada centímetro do gramado. Além disso, teve atuações individuais praticamente irretocáveis (Pablo, Victorino, Paraná, Henrique, Roger, Wallyson e Montillo estiveram muito bem). A Libertadores está apenas começando. Manter o alto nível será preciso. Se organizar melhor, fundamental. Nem sempre, a individualidade resolverá.
Mas o Cruzeiro tem todo o direito de preocupar-se com isto depois. Agora é hora de saborear o frio prato da vingança. Preparado ontem com grande colaboração do Mestre Cuca.
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