Estigma que faz mal

A campanha heróica e de recuperação no Campeonato Brasileiro ficou na história. Dificilmente sairá da cabeça de um tricolor que acompanhou a epopéia que livrou o Fluminense de um rebaixamento que parecia definido. Bonito, histórico, inesquecível. Ficou o estigma do "Time de Guerreiros". Que nem sempre faz bem ao clube.

Com o time que tem, o Fluminense não precisava sofrer tanto na Libertadores. Não precisava de mais um capítulo na história de viradas impossíveis para chegar ao mata-mata da competição. Mesmo em um grupo forte, o natural era que o tricolor carioca passasse com certa tranquilidade.

Mas o sofrimento parece ter passado a fazer parte da vida do Fluminense. Foi assim também no Campeonato Brasileiro do ano passado, conquistado com uma boa dose de desgaste desnecessário.

Ontem, em meio à saída de Muricy Ramalho e a saga para contratar um novo técnico, só a vitória interessava ao time. Enderson Moreira, jovem e cheio de potencial, assumiu o time e precisava agir, mudar. O fez.

No 4-2-3-1, com Émerson, Conca e Souza em constante troca de posições, o Fluminense tentou pressionar o América do México desde o início. Linhas avançadas, volantes jogando no campo ofensivo. Laterais apoiando o tempo inteiro (inclusive ao mesmo tempo). Era um risco necessário.

Risco que o Fluminense correu e sofreu com ele. Mesmo com apenas três jogadores ofensivos e muito fechado na defesa, o América conseguia levar perigo no contra-ataque. É um time não tão forte como em outras temporadas, mas bem organizado e experiente. Soube aproveitar a falha de Digão e Ricardo Berna para abrir o placar. O nervosismo aumentou e só não chegou a um nível impraticável pois Gum (impressionante como faz gols decisivos) empatou pouco depois (também com falha do goleiro mexicano).

O jogo seguia com o mesmo panorama. O Flu atacava, tinha a bola, mas tinha dificuldade de penetração. Se expunha e era ameaçado nos contra-ataques. Em um deles, o tiro que parecia de misericórdia. Sanchez tentou cruzar e a bola encobriu Berna, mal posicionado. 2 a 1 aos 30 minutos. O Flu parecia eliminado.

Mas o "Time de Guerreiros" não se dá por vencido. Enderson foi corajoso, com Deco na vaga de Mariano (machucado). Araújo e Rafael Moura também estavam em campo. A bola aérea era a única alternativa para um time nervoso que enfrentava um adversário esperto e recuado. E nas bolas levantadas, o Flu encontrou o "milagre". Passe de Deco e gol de Araújo. Bola espirrada e gol de Deco. O meia, finalmente mostrou a que veio. Na hora certa, o craque foi decisivo.

A festa ao fim da partida ainda não se justifica. Apesar da vitória heróica, que enche o torcedor de esperança, a classificação ainda é difícil. São dois jogos fora de casa, contra adversários mais fortes que o América. E o Fluminense precisa, no mínimo, de 4 pontos.

A guerra é difícil, mas ainda não chegou ao fim. E o Fluminense sonha vencer mais uma. Mas poderia voltar a sentir o gosto de vencer, sem tornar o sofrimento algo necessário.

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O 4-2-3-1 do Fluminense. Pouca mobilidade do setor ofensivo é compensada com "tesão".

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