Contra o modesto Cardiff a expectativa era que o Liverpool (de campanha irretocável nas duas copas inglesas) conseguisse impor seu jogo e sua maior força. Não foi bem assim. Bem organizado num 4-1-4-1 que tinha muita marcação no meio e bom repertório ofensivo, o time mais modesto começou melhor a partida. Tinha velocidade pelos lados e liberdade para trabalhar na intermediária ofensiva, onde o Liverpool marcava mal. Em uma destas jogadas, passe limpo de Miller para Mason e gol do time da segunda divisão.

Com a vantagem no placar, o Cardiff se entrincheirou no campo defensivo e escancarou as limitações do Liverpool. O time de Dalglish não conseguia criar diante da inoperância de Carrol e da pouca aproximação dos meias com os atacantes. E foi assim, durante quase todo o tempo. O Liverpool só levava perigo nas bolas paradas. Em uma delas, bate-rebate e gol de Skrtel que empatou o jogo já na etapa final.

O panorama do jogo ficou pouco alterado. O Cardiff seguiu fechado e o Liverpool sem ameaçar. Até os minutos finais da partida quando os dois times pareciam dar um gás extra para evitar a prorrogação.

Que veio com Kuit na vaga de Carrol no Liverpool. Foi do iluminado holandês o gol em jogada improvável após chute errado que bateu na zaga e voltou nos seus pés para marcar. Tudo indicava que era o gol do título, contra um adversário limitado tecnicamente e claramente desgastado fisicamente. Mas o Cardiff foi valente. Adiantou as linhas, tentou pressionar e chegou ao empate após cobrança de escanteio com o zagueiro Kenny Miller, o melhor em campo. Antes, ele já havia acertado cabeçada que só não entrou porque Kuit tirou em cima da linha.

Nos penaltis, o Liverpool sofreu com cobranças ruins mas saiu com o título após Anthony Gerrard (primo do grande ídolo dos Reds) chutar para fora. 3 a 2 e mais uma conquista para o gigante inglês.

Embora o Cardiff tenha valorizado demais a conquista com vontade, organização e não se entregando nunca, o Liverpool mais uma vez demonstrou que precisa de reforços para voltar a conquistar títulos à altura de sua história. Ser campeão é ótimo, mas pela história, o Liverpool merece mais.