A guilhotina por um triz

Planejamento. Palavra dita aos quatro ventos no futebol brasileiro. Em todo projeto, porém, devemos imaginar os percalços. No Brasil, o primeiro ponto fora da reta é suficiente para jogar todo o planejamento para o alto. Acontece com frequência.

O Campeonato Brasileiro parou por quase 50 dias. Era tempo mais do que suficiente para se reinventar, se organizar, treinar, preparar as equipes. A expectativa era de que as equipes voltassem mais ajustadas e preparadas para a competição. Na maioria dos casos, não aconteceu.

Resultado: apenas duas rodadas e meia após o reinício da competição, a percepção é de que a guilhotina vai disparar a qualquer momento.

São pelo menos quatro grandes times com problemas sérios no tal "planejamento". Escancarados com os jogos desta quarta-feira.

O São Paulo está de olho na Libertadores. O time vai encarar um fortalecido Internacional nas semifinais. Antes da Copa, deu mostras de evolução ao começar bem o Brasileirão e eliminar o Cruzeiro da competição internacional. A diretoria manteve Ricardo Gomes. Que após um empate e duas derrotas em três jogos, corre sério riscos. E aí, o clube se viu numa sinuca de bico: demitir Gomes e contratar quem, tão perto de um jogo tão importante? Se a confiança no treinador era tão pequena, não era melhor ter trocado antes? Certamente.

No Atlético-MG, os reforços chegam em profusão. Mas o time ainda deve demorar pelo menos cinco ou seis rodadas para estar "pronto" e com todos em campo. Logo ele, Luxemburgo, errou feio no planejamento. Montar um time no meio de um campeonato tão dinâmico como o Brasileirão é tarefa dificílima. Ontem, o Galo perdeu mais uma (a sétima, em dez jogos), desta vez para o Internacional. Na zona de rebaixamento, o título já é tarefa quase impossível. Libertadores, um sonho distante. Com o time que está montando, qualquer resultado que não estes será muito pouco.

Silas deu a volta por cima. Depois de um início ruim, mostrou um dos melhores times do país e ganhou o Gaúchão com sobras. Foi eliminado pelo ótimo Santos na Copa do Brasil. Parecia gozar de confiança. Mas o mundo dá voltas. Dois pontos em nove conquistados no reinício do Brasileirão. Time na zona do rebaixamento. A pressão é demais. Não acredito que Silas consiga resistir a esta. Não dá para entender como um time parou de jogar se nenhum jogador saiu.

É a mesma história do Santos. Dorival Júnior parece ter perdido o controle do grupo. Ontem, mostrou-se perdido ao deixar André no banco. E o time voltou a perder (agora para o Atlético-PR). Passou a Copa no G-4, e hoje pode cair para a 12ª posição. A Copa do Brasil será o divisor de águas para o time: vence-la significará manter o projeto e seguir em frente. Perder (o que hoje me parece provável) causará mudança total.

Este é o Brasileirão. E seu planejamento, que dura apenas o tempo entre uma partida e outra. Às vezes, menos do que isto.

3 comentários:

Jefferson freire disse...

É vinícius, parece que muitos clubes erraram no planejamento este ano. Mas nada está perdido ainda. O campeonato é longo e os errantes terão ainda a chance de acertarem.

Atendendo o seu pedido, atualizei o blog impasse livre. Depois confere lá. Saudações.

Breiller Pires disse...

Boa análise, cara. Engraçado é que os clubes valorizam cada vez mais os técnicos consagrados pela capacidade de planejar, como o próprio Luxemburgo.

Mas, no primeiro imprevisto, já colocam a cabeça do treinador a prêmio. O conceito de planejamento deveria prever que o imponderável norteia o futebol. Bons times, com boa estrutura, podem não render o esperado. A questão é que os clubes (e os técnicos também) não preparam alternativas para esses períodos de instabilidade.

Luxemburgo é prova. Vai montando um time relativamente caro pra, sabe-se lá, brigar contra o rebaixamento.

Net Esportes disse...

ESpero que o São Paulo ganhe do Santos e que o Ricardo Gomes continue no cargo ... eu particularmente gosto do seu estilo, o time estava muito bem antes da Copa do Mundo e não sei porque decaiu tanto ... acho que todos pensaram no Inter antes de pensar nos quatro jogos do Brasileirão ..... uma pena.

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O 4-2-3-1 do Fluminense. Pouca mobilidade do setor ofensivo é compensada com "tesão".

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